
Chegamos no capítulo 3 do livro de Esdras, que fala sobre o início da reconstrução do templo.
O templo, construído por Salomão, estava em ruínas desde a conquista de Jerusalém pelo rei babilônico Nabucodonosor, que levou os judeus para o total de 70 anos de exílio na Babilônia.
O período da reconstrução do templo foi marcado por uma série de etapas, desafios e expectativas. Mas apesar de cada dificuldade, os judeus mantiveram a adoração ao Senhor para concluir a obra.
Vamos ver neste estudo como foi o início deste processo!
O Altar foi Edificado Primeiro
No sétimo mês da chegada do povo de volta do exílio, eles já estavam estabelecidos em suas cidades e se juntaram em Jerusalém.
A Bíblia fala que eles se uniram, “como um só homem”, representando que agiram em unidade e comum acordo em prol de um objetivo.
Neste capítulo veremos frequentemente o povo seguindo os princípios da lei de Moisés, para os holocaustos e festas que deveriam ser comemoradas em adoração ao Senhor. Isso mostra o povo observando os mandamentos de Deus e se curvando para adorá-lo exclusivamente, da maneira correta.
Assim, no primeiro dia deste sétimo mês eles se uniram como orientado em Números 29.1-2:
“— No primeiro dia do sétimo mês, vocês terão uma santa convocação; não façam nenhum trabalho nesse dia. Nesse dia as trombetas tocarão.Então, por holocausto, de aroma agradável ao Senhor, ofereçam um novilho, um carneiro e sete cordeiros de um ano, sem defeito.”
Para isso, eles construíram o “altar do holocausto”, conforme a lei de Moisés em Êxodo 27.1-8. Observe o início e depois leia com calma na sua Bíblia:
“— Faça também o altar de madeira de acácia. Seu comprimento será de dois metros e vinte e a largura será de dois metros e vinte; o altar será quadrado. A altura será de um metro e trinta. Nos quatro cantos coloque quatro chifres, os quais formarão uma só peça com o altar, que deverá ser revestido de bronze.” (Êxodo 27.1-2)
Este altar de bronze foi construído sob o fundamento original. Em Deuteronômio 27.1-8 já fora promulgada a lei, a qual dizia que quando o povo adentrasse à terra que o Senhor Deus lhes dá, deve-se levantar um altar para ofertas e sacrifícios. Para então, o povo comer e se alegrar na presença do Senhor. E assim foi feito também neste contexto.
Os Desafios na Reconstrução do Templo
O povo judeu estava sob grande ameaça, oposição e terror por parte dos povos vizinhos, quando observaram que eles estavam ativamente empenhados na reconstrução do templo, depois de longos anos em ruínas.
Muito provavelmente a urgência de reconstruir em primeiro lugar o altar tenha sido aumentada por este medo das ameaças dos povos vizinhos. Estes povos eram constituídos por aqueles habitantes de Judá que não eram parte do retorno do exílio e principalmente o povo do Norte, que de certa forma ressentiam da possibilidade de os judeus recuperarem sua prosperidade.
Este terror pode ser relembrado também quando os israelitas, sob a liderança de Moisés estavam para fazer a primeira ocupação da Terra Prometida, relatado em Números 13 e 14.
Porém, em Números o povo deixou o medo inicialmente tomar conta e por vezes até se rebelou preferindo voltar para a escravidão no Egito em vez de morrer pela espada de seus opositores na Terra Prometida.
Mas no contexto de Esdras, o povo estava disposto a seguir em frente, apesar do medo, e oferecia holocaustos ao Senhor sobre o altar já construído, de manhã e de tarde.
A Celebração das Festas
O povo celebrou as festas, conforme descritas na lei de Moisés e outras que eram práticas dos israelitas antes deste período.
Em Números 29 é possível observar que os atos de adoração no sétimo mês eram essencialmente tratados com uma renovação e um recomeço para o povo. Assim, tudo foi preparado para estas comemorações.
Eles celebraram a Festa dos Tabernáculos (ou Festa das Cabanas), que durava sete dias e começava no 15º dia do sétimo mês. Portanto, o início dessa celebração ocorreu 2 semanas após a construção do altar do holocausto.
“— Aos quinze dias do sétimo mês, vocês terão santa convocação. Não façam nenhum trabalho, mas durante sete dias celebrem uma festa ao Senhor.” (Números 29.12)
Não deixaram também de oferecer as ofertas contínuas, de manhã e ao crepúsculo da tarde:
“— Isto é o que você oferecerá sobre o altar: dois cordeiros de um ano, cada dia, continuamente.Ofereça um cordeiro de manhã e o outro, ao crepúsculo da tarde.” (Êxodo 29.38-39)
Assim como Salomão estabeleceu quando estava para edificar o primeiro templo:
“Eis que estou para edificar um templo ao nome do Senhor, meu Deus, para consagrá-lo a ele, queimar diante dele incenso aromático e lhe apresentar o pão contínuo da proposição e os holocaustos da manhã e da tarde, nos sábados, nas Festas da Lua Nova e nas festividades do Senhor, nosso Deus. Esta é uma obrigação perpétua para Israel.” (2 Crônicas 2.4)
Foram feitos também os sacrifícios e celebradas as festas fixas descritas em Levítico 23. Bem como os sacrifícios das festas da Lua Nova, que não foram ordenados na lei de Moisés, mas já eram celebradas periodicamente antes (2 Reis 4.23; Oséias 2.11; Amós 8.5) e continuaram no período relatado em Esdras.
O Processo para Reconstrução do Templo
Os trabalhadores atuantes na reconstrução do templo do Senhor recebiam os valores devidos pelo seu trabalho. Os homens de Tiro e Sidom receberam também comida, bebida e azeite para que fossem trocadas e pudessem trazer do Líbano madeira de cedro até Jope. Estes pagamentos e trocas comerciais aconteciam com a permissão do rei Ciro.
Esta história se repete, pois aconteceu praticamente o mesmo processo quando Salomão liderou a construção do primeiro templo, um milênio antes (1 Reis 5; 1 Crônicas 22.4,15; 2 Crônicas 2).
Os Preparativos para Lançar os Alicerces
Os alicerces do templo foram lançados cerca de 6 a 7 meses depois das celebrações do 7º mês (aconteceram no 2º mês do 2º ano que tinham voltado do exílio). A época do ano foi a mesma em que Salomão começou a edificar o primeiro templo:
“Começou a edificar no segundo dia do segundo mês, no quarto ano do seu reinado.” (2 Crônicas 3.2)
A expressão “voltar à Casa de Deus”, usada no versículo 8 deste capítulo de Esdras é a grande marca do retorno do exílio. Apesar do templo ainda estar em ruínas, o lugar podia ser chamado assim por causa da sua consagração à adoração.
Para esta grande obra, o sumo sacerdote Jesua estava no controle geral e era responsável pelos levitas. Ele constituiu levitas com mais de 20 anos (assim como a idade ideal em 1 Crônicas 23.24), para supervisionar a reconstrução do templo.
Vale lembrar que em Esdras 2.40 informa que apenas 74 levitas voltaram do exílio. Portanto, o número não era tão grande. O versículo 9 menciona o nome dos levitas que se apresentaram e foram escolhidos para ajudar. Apesar da coincidência, não se refere ao sumo sacerdote e demais líderes.
Apesar da pequena quantidade de levitas, eles se uniram para supervisionar os que faziam a obra na Casa de Deus. Essa união remete ao versículo 1. Quando diferentes pessoas são designadas para supervisionar o trabalho. Ao fazer isso com o mesmo propósito, agem em unidade.
As Diferentes Expectativas Sobre o Novo Templo
Ao final do capítulo vemos que os alicerces foram lançados, mas as reações do povo foram diferentes.
Os levitas louvaram com instrumentos musicais.
Muitos dentre o povo bradaram de alegria e satisfação ao ver esta etapa concluída. Ao mesmo tempo, os mais velhos, que tinham visto o templo antigo, choraram, pois, para eles era claro que este templo não seria tão imponente e belo quanto o anterior.
A alegria era porque esta conquista representava um triunfo, dado todo o contexto de exílio, a volta do povo e a persistência mesmo em meio às perseguições. O povo finalmente estava voltando os olhos para o Seu Senhor!
Porém, a tristeza dos anciãos representava que suas expectativas com a reconstrução do templo estavam visivelmente distantes da esperança que eles alimentaram.
Dessa forma, o grande barulho quando o alicerce foi lançado era impossível distinguir se eram as vozes de alegria ou de choro.
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Quando os Planos de Deus são Diferentes dos Nossos
Para muitos, a reconstrução do templo estava sendo uma vitória, enquanto para outros um misto de saudade e lamento por não conseguirem refazer com toda a glória visível da primeira construção.
Importante entender que o contexto em Esdras é diferente. O primeiro templo foi construído em uma época de grande prosperidade e abundância de recursos. E agora, o povo voltou do exílio com o templo todo em ruínas, muitos ainda se reestabelecendo em suas cidades. O cenário era completamente oposto aos tempos de Salomão.
Reconstrução do Templo: Ajuste no Foco
Fica evidente também que o foco destes mais velhos estava concentrado na beleza e glória física do templo. Mas interessante que o Senhor anima os líderes a seguirem em frente e incentivarem o povo, por meio do profeta Ageu:
“No segundo ano do reinado de Dario, no sétimo mês, no vigésimo primeiro dia do mês, a palavra do Senhor veio por meio do profeta Ageu, dizendo:
— Fale agora a Zorobabel, filho de Salatiel, governador de Judá, e a Josué, filho de Jozadaque, o sumo sacerdote, e ao remanescente do povo, dizendo:Quem de vocês, que tenha sobrevivido, contemplou este templo na sua primeira glória? E como vocês o veem agora? Por acaso não é como nada aos olhos de vocês?Mas agora o Senhor diz: Seja forte, Zorobabel! Seja forte, Josué, filho de Jozadaque, o sumo sacerdote! E vocês, todo o povo da terra, sejam fortes, diz o Senhor, e trabalhem, porque eu estou com vocês, diz o Senhor dos Exércitos.Segundo a aliança que fiz com vocês, quando saíram do Egito, o meu Espírito habita no meio de vocês. Não tenham medo.
— Pois assim diz o Senhor dos Exércitos: Daqui a pouco, mais uma vez eu farei tremer o céu, a terra, o mar e a terra seca. Farei tremer todas as nações, e serão trazidas as coisas preciosas de todas as nações, e encherei este templo de glória, diz o Senhor dos Exércitos.Minha é a prata, meu é o ouro, diz o Senhor dos Exércitos.A glória deste novo templo será maior do que a do primeiro, diz o Senhor dos Exércitos; e neste lugar darei a paz, diz o Senhor dos Exércitos.” (Ageu 2.1-9)
Deus nos Convida à Reconstrução
Ao olharmos para a Bíblia como um todo, sabemos hoje que olhar para a imponência física de algo não é o foco correto. Assim como o Senhor fala por meio do profeta Ageu, devemos entender que se Ele está conosco temos tudo o que precisamos, independente das circunstâncias que estão à nossa vista.
Ao Senhor pertence todas as coisas e Ele pode fazer o que quiser, da maneira que quiser. Por isso, não devemos nos afligir quando o mundo natural e físico nos amedronta e frustra nossas expectativas humanas.
Deus tem um plano perfeito e se submetemos toda a nossa vida à Ele, fazemos parte disso.
Não deixe que as circunstâncias ditem seu choro ou alegria! Renda-se ao Senhor, e assim como diz em Salmos 55.22, lance sobre Ele as suas ansiedades, medos e até mesmo as lágrimas. E Ele com certeza cuidará de você, não permitirá que você seja abalado.
Que este estudo tenha te abençoado e aproximado de Deus! O nosso objetivo é fazer com que você enxergue a beleza destas santas palavras e aprofunde seu relacionamento com o Senhor! Compartilhe com alguém este estudo!
Como é bom contemplarmos o que Ele fez e faz através do seu povo. É na Bíblia que conhecemos mais do nosso Deus! Desfrute deste privilégio e estude a Palavra!
Que o Senhor te abençoe!
Fonte: Biblia online